quarta-feira, 14 de março de 2012

Treinar Até a Falha

     Treinar até a falha é um termo muito desconhecido para atletas de academias, que foram ensinados e estimulados a treinar baseados no somatório de repetições. Porém, um número definitivo de séries e repetições que possa padronizar resultados ótimos para todos os indivíduos ainda é uma utopia, pois o maior diferencial do treinamento com peso é a individualidade biológica.

     Para podermos treinar em um conceito subjetivo e não numérico, devemos levar em consideração que nossos atletas não são máquinas. Teremos que identificar, através das expressões corporais, o real estado de nosso atleta, pois, em um treinamento de alta intensidade, serão expostos todos os limites físicos e psíquicos, a falta de descanso, a má alimentação ou o estresse serão limitantes da utilização da falha e, principalmente, da falha total. Em um treinamento de alto nível, devemos ter o feeling para perceber até onde nosso atleta deve ser exigido para evitar ao máximo o risco de lesões e realmente poder executar os exercícios de maneira correta ao predisposto.


PERCEPÇÃO DO TRABALHO SUBMÁXIMO

     Nesta série, o trabalho deve ser suspenso antes que haja a utilização excessiva de outro músculo, a não ser o motor primário ou o músculo-alvo, ou seja, antes que o atleta apresente qualquer dificuldade na realização do movimento. O atleta não deve ter saído da posição correta, nem oscilado o tronco para qualquer lado, e a respiração estar normal. Não se deve utilizar método de treinamento avançado, muito menos a ajuda de um companheiro.

     Este tipo de esforço deve ser estimulado para atletas iniciantes ou em recuperação, que não podem atingir a falha e muito menos a falha total.

TREINAR ATÉ A FALHA

     Já elevamos o atleta a um esforço considerável. A fase concêntrica será exigida ao máximo, porém, não se faz necessário a utilização de qualquer tipo de ajuda. Poderá haver um pequeno acúmulo de lactato na musculatura alvo, causando uma breve sensação de ardência. Ao perceber excessiva ativação de músculos auxiliares ou sinergistas o parceiro ou treinador deve comandar o cessar das execuções.

TREINAR ATÉ A FALHA TOTAL

     Agora que já vencemos a falha concêntrica do músculo, é hora de colocar o sangue nos olhos, chamar o parceiro de treino e buscar superar os 100% da fase positiva ou concêntrica. Para isso, devemos atingir a falha na fase excêntrica da contração muscular, já que a concêntrica já foi utilizada ao máximo, utilizando princípios de treinamento avançados, como trabalho ajudado e roubado. Nesse esforço, “gemidos”, “berros” e caras feias são aceitos; a respiração tende a travar e merece uma atenção para evitar a realização do exercício em manobra de Valsava (que nada mais é do que realizar o exercício com a respiração obstruída, aumentando a pressão intra-abdominal e intratorácica, devido a contração dos músculos responsáveis pela respiração; isso pode levar a um déficit cardíaco, fazendo com que o cérebro exija um aumento do batimento cardíaco e da pressão sanguínea).

     Essa é a hora do parceiro de treino ou o treinador estimular o atleta a vencer limites antes inimagináveis, vencer barreiras e conduzir suas possibilidades de produzir movimento, quando pensava que estava tudo acabado, com técnica e segurança. Isso somente os experientes e seguros no que fazem podem conduzir através de estímulos como:

- Mais uma animal! (resgata nossa origem humilde e zoológica)

- Essa é a hora de crescer, guerreiro! (o caráter bélico do predador e conquistadores que somos em nossa origem)

- Não desista! (predestinados a vitória jamais desistem)


Fonte: Musculação – Intensidade Total / Professor Waldemar Guimarães

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