Qual o problema com as minhas Panturrilhas? Será a genética, o descanso ou o treino?
O tema é interessante, porém, facilmente abandonado por parte dos
praticantes de musculação quando observam pouco ou nenhum resultado na
região. O discurso destes praticantes é de que a genética é a maior
culpada, alguns poucos atribuem ao treino, destes, poucos assumem a
deficiência do treino e alguns simplesmente nem começam a treinar o
grupo muscular em questão.
Falando de anatomia e fisiologia:
A musculatura da panturrilha, ou tríceps sural é formada por 3 músculos: sóleo, gastrocnêmio medial e lateral. Esse grupo muscular, destacando o sóleo, possui uma grande quantidade de fibras do tipo 1, de contração lenta (Andersen & Kroese, 1978; Sjogaard, 1982), inespecíficas para hipertrofia, o que implica diretamente no desenvolvimento da musculatura desta região.
Ainda segundo estudos² apesar de apresentar uma síntese protéica
normal, o sóleo tem menor resposta aos exercícios do que outros
músculos. Porém, a musculatura solear se encontra por baixo dos músculos
gastrocnêmio medial e lateral, não sendo assim a mais importante para o
volume dessa região, ainda que participativa.
Há mais alguns fatos que certamente interferem em bons resultados
para esse grupo muscular, é uma região que tem descanso prejudicado,
pois a musculatura tem atuação durante quase todo o dia, quando estamos
em pé parados ou nos deslocando de qualquer forma e até mesmo em alguns
momentos quando estamos sentados.
Falando de treinos:
Nos treinos é muito comum nos depararmos com rotinas e estímulos no mínimo questionáveis quando destinadas às panturrilhas, comumente pautadas em verdadeiros mitos, rotinas com maior volume e menor intensidade, o que caracteriza um treino de resistência, com a justificativa de que nesses músculos prevalecem as fibras do tipo 1.
Mas, o que você tem como objetivo para a região? Se é hipertrofia,
treine da forma adequada para hipertrofiar, maior intensidade e menor
volume. É mais simples do que parece, pelo menos na teoria.
Treinar com a mesma intensidade e vontade que você treina peitoral,
sempre tentando se superar no Supino, buscando aumentar o peso a cada
semana, com um colega para ajudar a forçar repetições, ou mesmo para uma
segurança na execução. Ou da mesma forma como você treinar as coxas
fazendo um Leg Press com metade das anilhas da academia.
Será que você já tentou treinar as panturrilhas assim?
Não podemos negar falta de força, porque estamos falando de uma
musculatura com um esquema de alavanca que favorece o emprego de altas
cargas, o apoio para realizar os exercícios pode não ser o melhor, mas
aí pode até entrar o auxílio de algum colega de treino, além disso, caso
os pés comecem a escorregar durante a execução faça uma rápida correção
no posicionamento deles e continue o exercício, o uso de lixas adesivas
nos aparelhos melhora a fixação dos pés nos apoios, por oferecerem uma
superfície áspera para o calçado.
Recomendações:
Baseie sua rotina em 2 ou até 3 exercícios para as panturrilhas, de
preferência os exercícios realizados com os joelhos estendidos, para
priorizar o trabalho dos gastrocnêmios medial e lateral, 3 a 6 séries
por exercício, 6 a 12 repetições por série, boa amplitude na execução
dos exercícios e cadência adequada, tente produzir tensão para a
musculatura por um período de 30 a 70 segundos e de forma cadenciada,
valorizando a fase excêntrica do movimento (provavelmente a descida no
movimento).
Treine-as da mesma forma com que treina os outros grupos musculares,
alta intensidade, boa execução, de forma consciente, proporcionando um
bom descanso entre os treinos, dar 2 estímulos na semana já deve ser o
suficiente.
Perceba que aqueles que reclamam da falta de resultados tendem a se
encaixar em pelo menos um dos problemas citados nessa matéria. Ou
estimula de forma equivocada a musculatura ou estimula pouco, não dá o
devido descanso ou simplesmente não treina. E o que poucos assumem é a
falta do emprego da mesma vontade em ambos os treinos.
Treine de verdade, se quer resultados de verdade.
Referências:
Andersen P & Kroese AJ. (1978). Capillary supply in soleus and gastrocnemius muscles of man. Pflugers Arch 375, 245-249.
Trappe TA, Raue U & Tesch PA. (2004). Human soleus muscle protein synthesis following resistance exercise. Acta Physiol Scand 182, 189-196.²
Nenhum comentário:
Postar um comentário