De início, é necessário decifrar o que o termo ‘broscience’ ou
‘bs’ quer dizer. É um conceito usado em fisiculturismo e quer dizer o
seguinte: [é a informação oferecida por fonte não credenciada, isto
é, baseada em experiência pessoal; esta informação pode ter sido útil
para uma pessoa, mas poderá ser ineficaz para outra, ou pior, ser danosa
para outra. Antes de adotar qualquer dieta, suplemento ou um regime de
exercícios, é importante que você possa distinguir se é 'broscience' ou
um fato comprovado. Se você está se aconselhando com um companheiro de
exercícios na academia, ou lendo inserções em um fórum, esteja atento:
examine suas credenciais. Têm eles um grau acadêmico? Trabalham na
indústria de suplementos? Se você estiver lendo um artigo, é ele
amplamente difundido? (fonte: http://www.tryingfitness.com/what-is-broscience-deciphering-fact-and-fiction-in-your-fitness-quest/)].
Como já estamos cientes do que é ‘broscience’, voltemo-nos para ver o
que a Revista Flex publica sobre a ingestão de aminoácidos.
Inicialmente, faz a afirmação do mito (ou ficção). Para ter um bom
corpo, o fisiculturista deve comer o que for possível… durante o dia
inteiro. Fisiculturista também deve tomar uma picada intravenosa de
aminoácidos nos seus braços e dormir com um suprimento contínuo dessa
substância pulsando através do seu corpo para manter a síntese continua
de proteína [A síntese de proteínas é um processo rápido, que ocorre
em todas as células do organismo, mais precisamente, nos ribossomos,
organelas encontradas no citoplasma e no retículo endoplasmático rugoso.
Esse processo pode ser dividido em três etapas (para uma explicação
detalhada desse processo veja o site http://www.infoescola.com/bioquimica/sintese-de-proteinas/)].
Continua o artigo da Revista Flex, agora mostrando o que entende por Verdade.
A ciência afirma justamente o contrário. A infusão contínua de
aminoácidos via intravenosa mostrou-se pouco eficaz no estímulo da
síntese proteica, em relação à alimentação intermitente com proteína.
O estímulo da síntese proteica do músculo através da alimentação ou
ingestão dos aminoácidos é rápido e se sustenta por pelo menos duas
horas, para depois decair para os níveis normais.
Isto ocorre em concordância com as alterações da circulação de insulina e dos aminoácidos. O aparecimento da proteína mTor [(A
proteína mTOR é um regulador mestre de como e quando as células criam
outras proteínas. Ela ajuda as células saudáveis a perceberem os níveis
de nutrientes e controlar seu crescimento e metabolismo (fonte: http://www.isaude.net/pt-BR/noticia/25549/geral/cientistas-descobrem-como-proteina-essencial-contribui-para-propagacao-do-cancer)], que cataliza a síntese proteica do músculo, é estimulada por insulina e aminoácidos, especialmente pela leucina (Leucina
é um dos 8 aminoácidos essenciais que o corpo necessita para a
manutenção da proteína e da hemoglobina. Esses aminoácidos não podem ser
produzidos naturalmente pelo corpo, por isso devem ser ingeridos
através dos alimentos. A leucina é um dos aminoácidos mais concentrados
existentes no tecido muscular esqueletal. Os fisiculturistas recomendam a
ingestão diária de leucina à base de 25 a 65 mg para cada kg de peso
corporal. A leucina é encontrada nos frutos do mar. Fonte: http://www.livestrong.com/article/269458-sources-of-leucine/).
Pesquisadores da Universidade de McMaster (ver site http://www.mcmaster.ca/),
na cidade de Hamilton, no estado de Ontário, Canadá, relataram
recentemente que voluntários que consumiram proteína de soro de leite
após o exercício, mesmo bebendo o soro rapidamente, ou espaçado a cada
20 minutos num espaço alimentar de 200 minutos, obtiveram resultado
totalmente diferente, apesar de consumir a mesma quantidade.
A biopsia do músculo retirado dos voluntários revelou que a síntese
proteica do músculo esteve elevada em grau máximo após o consumo rápido
de uma dose de proteína de soro de leite, do que a consumida durante um
espaço mais longo.
Houve significativas alterações do caminho anabólico para a
hipertrofia muscular (crescimento) depois do consumo rápido do que
espaçado.
Durante muito tempo, no meio fisiculturista, se noticiava que os
fisiculturistas tomavam doses intravenosas de aminoácidos nos braços
antes de dormir, para que mantivessem uma taxa positiva de síntese
proteica enquanto não se alimentavam.
Num estudo recente do Journal of Nutrition (ver http://jn.nutrition.org/)
os pesquisadores analisaram a picada intravenosa de aminoácidos em
confronto com a rápida ingestão de aminos visando determinar a alteração
da cinética de proteína (ver o estudo no site http://cev.org.br/biblioteca/revista-brasileira-medicina-esporte-v14-n3-2008/).
De acordo com a ‘broscience’, a alimentação intravenosa contínua com
aminoácidos seria o melhor meio para aumentar a síntese da proteína.
ERRADO!
Os pesquisadores notaram que, embora a administração intravenosa
contínua estimulasse a síntese proteico muscular, o aumento da síntese
protéico muscular ocorria no grupo de alimentação intermitente
(espaçado).
Essa explosão na síntese protéico muscular estava associada com as
rápidas alterações de circulação de aminoácidos e insulina que ativa os
caminhos da síntese proteica.
Então, isto leva a crer que, levantar-se durante a noite para comer
alguma coisa ou tomar um ‘shake’ de proteína pode ser verdadeiramente
útil.
Contudo, uma coisa é certa, segundo o artigo da Revista Flex, não é
necessário injetar proteína no braço durante a noite. Deixe isso para os
‘broscientistas’!
Fonte: Revista Flex, abril 2012, página 88.
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